O desejo e suas inúmeras formas de humilhar
Um testemunho aberto e puro sobre as dores do desejo
Podcast: Agora você pode ouvir esta reflexão e sua analise através do podcast da Fundação AMORE. Acesse clicando na imagem abaixo.
A fúria dos desejos sem controle
Como uma fera, uma besta sem controle o desejo chega e toma conta de todo seu ser. Sua consciência se vai, seus pudores se vão, tudo de bom, justo e perfeito parece sumir como num passe de magia, escura, vazia, triste e sem fim.
A fera do desejo lhe pega onde você menos espera, onde você é mais fraco, mas insiste em não ver, onde a paz ainda não chegou e onde Deus você pensa, e ainda insiste em achar que não está.
Você se desculpa, se ampara e batendo nas próprias costas diz baixinho e com vergonha a si mesmo e aos outros que lhe perguntam:
- Eu não sou santo. Eu sou humano! Isso aqui é para isso, não é? Eu sou assim! O mundo é assim..! O que se há-de fazer?
E assim se ajoelha, e sofre. Chora prantos de dor e de angustia sem fim. E você vê, que já não se acha tão santo, tão puro, tão consciente… Apegos e desejos sem fim... Com suas palavras doces, seus gestos bem pensados, você usa e é usado para aos outros também profanar com doces ilusões de bem viver. E assim você se sente menos pior, menos sujo, menos cheio de dor. Um coadjuvante de uma historia que escreve com as próprias mãos.
A fera da mesma forma que chega e te arrebate, lhe abandona sem olhar para trás, com o desprezo e desdém de quem sempre volta ao mesmo lugar. Te solta depois de satisfeita como uma carcaça que dali já nada mais de bom pode sair. Te deixou em restos sem valor...
E é assim que você se vê. Caído, recolhido, doente e frágil, chorando o medo de uma morte que já chegou e você nem viu. Estava inebriado por sentidos sem sentidos que você nunca entendeu.
Mas, e sempre mas, tudo também passa. Sempre passa. Você se recolhe em pedaços pequenos e sujos, entre dores e odores que você nem sabe porque sente. Só sabe que gosta. Aprendeu a gostar. Você se ergue, se seca desse pranto triste e longo, de novo mergulhado à um apego em algo melhor que você irá lhe salvar. Sorri com as mão em prece e os joelhos ao chão, já cansados e machucados de tanto ao chão ir, clamando de novo por uma salvação, um socorro, um abraço.. implorando por um perdão que lhe salvará…e que também já chegou. Que em você já está e você de novo não viu.
E numa onda de emoção, de glória e luz, você se acha. Acorda do pesadelo de olhos abertos em que estava. Voc6e se salva de novo, se entende mais um pouco, se perdoa e segue em paz, até a fera novamente voltar.
Basta apenas uma reflexão dura, dolorida e libertadora realizar: Por que nesta fera você sempre volta a se transformar?
Bem-vindo à Verdade. Bem-vindo a Você.
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